O filme “O Quarto Poder”, do diretor Costa Gravas, tem como tema central a manipulação de informações pela mídia e como estas influenciam diretamente a opinião e comportamento das pessoas. Essas informações distorcidas podem mudar seus objetivos conforme a melhor maneira de se alavancar a audiência.
O filme coloca um repórter astuto frente a um seqüestrador confuso e sem
intenções de fazer mal que, sem querer, no intuito de reaver o seu emprego de
segurança de um museu, acaba seqüestrando a diretora do museu, uma professora e
seus alunos.
Diante de um furo de reportagem, Max, o repórter, convence Sam, o
seqüestrador, sobre a forma de conduzir o seqüestro, que é fazer a melhor
imagem do seqüestrador perante a opinião pública.
A mídia exerce uma forte influência perante a formação de opinião
pública, sendo chamada de “o quarto poder”. Conforme vão sendo manipuladas as
informações cresce e decresce a simpatia por Sam, criando uma grande
mobilização popular em frente ao museu. As opiniões vão sendo formadas de um
lado pelas reportagens de Max e por outro lado das demais emissoras de tv
concorrentes.
Assim se desenrola a história, com depoimentos forjados e verdades
adulteradas, onde quem manda não é a ética e a boa conduta, mas os interesses
embutidos e o que gera ibope. Isso leva o telespectador do filme a pensar mais
criticamente sobre o papel da mídia e como ela influencia suas opiniões sem que
perceba, pois não é detentor da verdade.
Pode-se traçar um paralelo desse
filme com o documentário “Muito Além do Cidadão Kane” do diretor Simon Hartog, onde é mostrado através de depoimentos de celebridades e políticos a
formação do império da Globo na pessoa de Roberto Marinho.
Enfoca o envolvimento da emissora com a política, a ditadura, a manipulação
de informações em seus telejornais. O documentário também se refere a
veiculação de propagandas que oferecem produtos além do que o público
brasileiro, em sua grande maioria, consegue comprar, exemplificando isso com
depoimentos de pessoas que vivem a dura realidade brasileira.
A mídia tem o papel de informar, veicular, vender. Depende de
investimentos de propaganda em suas programações para sobreviver, investimentos
esses que são gerados pelo ibope. Quanto maior a audiência maiores as chances
de se lucrar mais. Com isso, muitas vezes se deixa a ética de lado e se usa de
subterfúgios para alavancar o programa.
Tão danoso quanto ter acesso a conteúdos ruins, é não ter acesso a
nenhum tipo de informação. Isso também aliena. Ter um olhar crítico e não
sermos passivos frente ao que nos é ofertado pelas diferentes mídias é como
usar uma peneira para podermos usufruir somente o que pode nos acrescentar
algo, seja informação, seja entretenimento, seja cultura, seja produtos e
serviços, com qualidade e o respeito que merecemos.
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