domingo, 28 de outubro de 2012

Programa “A Praça é Nossa”




    
    “A Praça é Nossa” é um programa dirigido ao público adulto que é exibido pelo SBT as quintas-feiras à noite e está no ar há muitos anos.  O programa tem a frente Carlos Alberto de Nóbrega, lugar antes ocupado por seu pai, Manoel de Nóbrega, na primeira versão do programa.

     Através de vários personagens que sentam no banco da praça para conversar com Carlos Alberto de Nóbrega, são abordados vários temas como a ingenuidade e esperteza infantil, com a personagem Nina, sátiras de celebridades, com Porpetone, críticas da política nacional, com o Deputado João Plenário, pobreza e riqueza, com Bill e Gates, entre outros. Seus vários bordões como “nada a ver”, “não é da sua conta”, “ainda bem que a gente é pobre”, acabam contagiando e fazendo parte do cotidiano das pessoas.

     Pela diversidade de personagens também há uma diversidade de caracterizações, não havendo padrões. Há crianças, velhos, gordos, baixos...no entanto, quando se trata de personagens secundários, contracenam com alguns personagens, moças bonitas, de roupa curta e decotada, simbolizando o padrão de beleza que atrai os homens, dando uma conotação sexual.

     Há também piadas de alguns personagens que depreciam suas esposas fictícias, embora elas não existam como personagens reais, mas deixando explícito o desmerecimento atribuído a essas mulheres. Em contraponto com as piadas depreciativas, sempre há ponderações e o bom senso de Carlos Alberto, que contorna sempre com conotações positivas.


     
     Creio que toda informação, o que vemos, ouvimos e sentimos, mesmo na linguagem do humor, pode influenciar em algum aspecto o nosso modo de pensar ou de nos posicionarmos em determinados assuntos. Sempre há conceitos implícitos, que não são assimilados conscientemente, mas que ficam gravados em nosso inconsciente, podendo pesar em nossos posicionamentos e escolhas.

"Além do Cidadão Kane"


Resenha de filme: "O Quarto Poder"


      
     O filme “O Quarto Poder”, do diretor Costa Gravas, tem como tema central a manipulação de informações pela mídia e como estas influenciam diretamente a opinião e comportamento das pessoas.  Essas informações distorcidas podem mudar seus objetivos conforme a melhor maneira de se alavancar a audiência.

     O filme coloca um repórter astuto frente a um seqüestrador confuso e sem intenções de fazer mal que, sem querer, no intuito de reaver o seu emprego de segurança de um museu, acaba seqüestrando a diretora do museu, uma professora e seus alunos.

       Diante de um furo de reportagem, Max, o repórter, convence Sam, o seqüestrador, sobre a forma de conduzir o seqüestro, que é fazer a melhor imagem do seqüestrador perante a opinião pública.

     A mídia exerce uma forte influência perante a formação de opinião pública, sendo chamada de “o quarto poder”. Conforme vão sendo manipuladas as informações cresce e decresce a simpatia por Sam, criando uma grande mobilização popular em frente ao museu. As opiniões vão sendo formadas de um lado pelas reportagens de Max e por outro lado das demais emissoras de tv concorrentes.

     Assim se desenrola a história, com depoimentos forjados e verdades adulteradas, onde quem manda não é a ética e a boa conduta, mas os interesses embutidos e o que gera ibope. Isso leva o telespectador do filme a pensar mais criticamente sobre o papel da mídia e como ela influencia suas opiniões sem que perceba, pois não é detentor da verdade.

      Pode-se traçar um paralelo desse filme com o documentário “Muito Além do Cidadão Kane” do diretor Simon Hartog, onde é mostrado através de depoimentos de celebridades e políticos a formação do império da Globo na pessoa de Roberto Marinho.

    Enfoca o envolvimento da emissora com a política, a ditadura, a manipulação de informações em seus telejornais. O documentário também se refere a veiculação de propagandas que oferecem produtos além do que o público brasileiro, em sua grande maioria, consegue comprar, exemplificando isso com depoimentos de pessoas que vivem a dura realidade brasileira.

     A mídia tem o papel de informar, veicular, vender. Depende de investimentos de propaganda em suas programações para sobreviver, investimentos esses que são gerados pelo ibope. Quanto maior a audiência maiores as chances de se lucrar mais. Com isso, muitas vezes se deixa a ética de lado e se usa de subterfúgios para alavancar o programa.
     Tão danoso quanto ter acesso a conteúdos ruins, é não ter acesso a nenhum tipo de informação. Isso também aliena. Ter um olhar crítico e não sermos passivos frente ao que nos é ofertado pelas diferentes mídias é como usar uma peneira para podermos usufruir somente o que pode nos acrescentar algo, seja informação, seja entretenimento, seja cultura, seja produtos e serviços, com qualidade e o respeito que merecemos.